Buscando o propósito: cinco questões para ajudar você a refletir sobre o seu

Por Júlia Ramalho

Paixão por ajudar a transformar pessoas e organizações na sua melhor versão

O que é propósito para você?

Para mim, propósito é saber o que se quer na vida pessoal e profissional e, a partir disso, inventar uma forma de realizar esses nossos desejos de forma a contribuir com a sociedade. Não é algo pré-determinado, mas uma construção única a partir da identificação daquilo que nos nomeia. É um desejo enlaçado numa dimensão ética. É saber fazer, com nossa marca própria, do mundo um lugar melhor. É saber fazer com o que temos de diferente a nossa diferença no mundo.

Encontrar esse propósito é um processo denso, íntimo e subjetivo. É uma caminhada que pode tocar em questões incômodas, como as nossas identificações e a desconstrução de modelos ideais. Ou seja, desconstruir ideias prontas e construir as nossas próprias. Com o propósito claro, podemos deixar nossa marca através de um legado.

Depois da provocação sobre o propósito no último post, que tal avançarmos um pouco nesta busca? Como já disse, não existem receitas e, muito menos, pó mágico, mas espero te ajudar neste percurso com algumas perguntas que contribuam para que você caminhe rumo ao seu propósito!

Questão 1 - O que você faria se soubesse que sua morte está próxima?

Ter a noção da importância de cada minuto de nossas vidas pode nos ajudar a tomar decisões sobre o que realmente é relevante. A noção da morte nos coloca numa situação de urgência para escolha, de modo que definimos o que é importante! Os filósofos existencialistas esvaziaram a questão do propósito como algo dado a nós. Sartre dizia que existir é assumir o seu ser e ser responsável por ele. O sociólogo Bauman afirmou que o homem parece ter perdido a pretensão da imortalidade e que, em lugar disso, estaríamos buscando não morrer! Toda essa ilusão de que o nosso tempo de vida é infinito dificulta nossa percepção do que é realmente importante para nós.

Gosto muito do vídeo da geriatra e especialista em cuidados paliativos Ana Claudia Quintana Arantes, que mostra que lidar com a questão da morte nos ensina a aproveitar melhor nosso tempo. Por isso ela provoca, questionando: que vida é esta de levantarmos todos os dias para ir trabalhar desejando que o final de semana chegue logo?!

A noção da morte também ajuda a revelar o que é nosso ponto de honra, nosso valor último, o que prezamos tão fortemente que sem isto a vida não tem sentido.  Então, temos aí uma pista: pelo que você seria capaz de morrer? Você teria coragem de, como Sócrates, preferir tomar cicuta a desistir de continuar filosofando junto aos jovens? Pense bem: o que é uma vida que vale ser vivida, mas para a qual, sem este ponto de honra, seria melhor a morte? Se você souber responder isso, você está no caminho de saber o que pode ser o seu propósito! 

Questão 2 - Quem são as pessoas que você admira e por qual razão?

Por que algumas pessoas admiram Steve Jobs e outros Mandela? Uns Anitta e outros Neymar? Por que gosto mais de passar o tempo com uma tia do que com aquele outro tio? Listar os nomes de pessoas de quem você gosta, famosas ou não, pode ajudá-lo a ter foco para observar o motivo pelo qual você as admira.

Esse exercício, muito utilizado nos processos de coaching, ajuda a investigar características, atitudes e valores que você considera importantes. Pode auxiliar a revelar o que de certa forma te inspira, ou, mesmo, já pode fazer parte de você. Reconhecer seus valores pode ser um ponto importante para ajudá-lo a fazer escolhas.

Um exemplo: você admira seu tio João, que é muito estudioso e reconhecido na área dele. Será que a competência técnica e o saber são coisas importantes para você? Ou será apenas o sucesso que o tio João faz? O que te encanta? Não é fácil chegar a este ponto, mas este é um caminho importante, também!

Questão 3 - O que te fez feliz ou quais situações em que o tempo voou? 

Revendo o passado você pode encontrar pistas do que tanto deseja para o seu futuro. Tente se lembrar dos momentos em que você não via o tempo passar. O que você estava fazendo? Observe se existe um padrão de atividades, interesses, pessoas ou lugares relacionados a esses momentos. O que eles podem ter em comum? O que podem dizer sobre aquilo pelo que você verdadeiramente se interessa?

É curioso como, muitas vezes, não damos importância às coisas que são fáceis e fluem em nossas vidas. Às vezes, um talento não é valorizado em determinado ambiente ou família e vamos deixando de nos interessar por aquilo. Com o passar do tempo, deixamos de lado uma oportunidade de desenvolver um talento que poderia se transformar em um ponto forte. Não perceber nossas facilidades e as pequenas coisas das quais gostamos nos distancia cada vez mais da construção de um propósito. Ter o encantamento pelos detalhes do que nos agrada ajuda nessa construção!

Questão 4 - Quais histórias você quer contar para seus filhos e netos?

Pensar qual o legado que queremos deixar da nossa vida ajuda a nos conectarmos com o que é importante para nós. Que tal escrever a história de sua vida como se a estivesse contando para outra pessoa, por exemplo, seus filhos ou netos? Não é o mesmo que contar para um psicólogo ou coach, pois esses dois podem fazer perguntas poderosas e ajudar a revelar nossas crenças, medos, identificações e desejos! Mas, através da escrita, você pode tentar observar o que valoriza e quando, em sua vida, se sentiu pleno, realizado e vitorioso. A partir daí, será mais fácil identificar as coisas que podem até parecer legais mas que, no fundo, tiram sua energia.

A vida que escreveu está de acordo com o que você deseja? Você está vivendo de acordo com os seus valores? Do que você se orgulha em sua história? Do que você se arrepende ou se envergonha?

Se estiver no rumo certo, você já deve estar bem próximo do que quer construir como propósito. Mas, se tudo te pareceu muito ruim e chato, ainda dá tempo de reajustar a rota e reescrever a sua história!

Questão 5 - O que realmente é relevante para você?

Os nossos valores norteiam nossas escolhas e nos conduzem nas tomadas de decisões. O que acontece é que muitas vezes não temos consciência de que temos determinados valores. Somos influenciados por valores impostos pela sociedade, familiares e amigos. Diante disso, ao tomar decisões, não fazemos o que queremos, mas o que achamos que seja “certo” de acordo com crenças que construímos influenciados por eles. Mas esse é o “pulo do gato” de todo o processo de investigação e construção do seu propósito. Afinal, você sustenta o que de fato deseja?

Para os membros cadastrados na lista VIP dos #designersdofuturo disponibilizei o download de um exercício que faço em workshops. Essa atividade pode te ajudar a descobrir quais são seus valores e desejos, o que faz sentido para você. É uma atividade simples, mas se você tiver alguma dúvida pode me enviar por e-mail (contato@designersdofuturo.com.br). Caso você não seja cadastrado e queira receber o material, clique aqui e se cadastre para recebê-lo.

Ajudei?
Espero que sim! Como falei, não é um caminho fácil investigar e identificar os pontos de sua vida que precisam ser ligados para fazer sentido. Essa investigação é bem mais simples quando temos alguém capaz de nos ouvir e provocar ao longo desse processo. Mas, como disse, essas perguntas são um bom começo para te provocar e fazer refletir.

Gostou das questões? Deixe seus comentários abaixo! Se não gostou, também comente: me diga o porquê, quero te ouvir um pouco mais!

Júlia Ramalho reside em Belo Horizonte (Brasil) e ajuda pessoas e organizações a revelarem o seu melhor, ao clarear propósitos, ver possibilidades diante das incertezas e manter foco nas ações necessárias. Faz isso há mais de18 anos através de atendimentos em coaching e clínicos. Possui formação como psicóloga, coach e administradora, sendo também mestra nesta última área. Desde 2005 vem investigando as novas tecnologias e seus impactos sobre o trabalho e as futuras gerações. Como gestora, dirige a Estação do Saber [www.estacaodosaber.com] e foi presidente fundadora da International Coach Federation – Chapter Minas. Coordenou projetos de discussão sobre as novas tecnologias (ETC_BH -2009 a 2013) e de transformação da nossa cultura e sociedade (Estação Pátio Savassi – 2005 a 2013). Atualmente se dedica à construção de uma metodologia de orientação de carreiras através de conhecimentos de coaching, design thinking e análise de forças tecnológicas como inteligência artificial, internet das coisas e realidade virtual, dentre outras. Coordena e participa do grupo designers do futuro, que tem por objetivo promover discussões sobre o impacto dessas tecnologias em carreiras, gestão e sociedade.